quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tempo de união



Pois é. Todo ano é a mesma coisa. Sempre acontece alguma catástrofe em algum lugar do planeta para nos mostrar algo.
Ontem houve o terremoto no Haiti.
Povo miserável que mesmo sem tremores de terra tremia de fome, doenças e outros problemas desde sempre.
Ontem a terra tremeu para eles e milhares de pessoas se foram.
Não saberemos porquê isso aconteceu com eles.
Por outro lado, se olharmos com mais racionalidade para a situação e ampliarmos este olhar, entenderemos que sem união de povos a força não virá, seja nesta ou em outras situações.
Sabe lá quando será a nossa vez...
Sem ser catastrófica, quero tentar tirar a lição que tem sido presente na vida dos seres humanos: solidariedade é o nosso único meio de sobrevivência.
Há tantas previsões que não sabemos mais em quem acreditar. Mas é fato que os acontecimentos recentes nos têm mostrado um sinal muito claro sobre a importância de compartilhar, do alimento ao abrigo, das sobras materiais aos sentimentos.
Não sei como é passar por esta situação porque, sinceramente, estou muito longe dessa solidariedade. Não sei o que é isso porque não exerci.
Só sabe o que é isso quem sentiu, passou pela situação e pôde sobreviver com a ajuda dos outros e ajudando também.
Eu admiro a força que é tirada do sofrimento. Mas a minha admiração não muda o mundo, não ajuda as pessoas, não contribue. É apenas um sentimento.
Sei que o sofrimento não deve nem pode ser mensurado, mas sinto vergonha por muitas situações em que optei pelo comodismo, por reclamar da vida, por dar uma dimensão muito grande a um tipo de sofrimento corriqueiro, que todos nós, vez ou outra, sentimos. Sim... sempre que acontece algum tipo de catástrofe, eu e provavelmente milhões de pessoas no mundo inteiro sente vergonha por reclamar.
Hoje pude levantar, ir ao médico, passear, namorar, gastar dinheiro, abraçar meus familiares, reclamar que o dia estava muito quente, dormir à tarde, ver TV, tomar um banho gostoso, usar um shampoo cheiroso, dar e receber beijo na boca (que gostoso), enfim, tive um dia corriqueiro que não dei valor. Aí aparece uma situação dessas que me dá vergonha.
O que estou dizendo é super comum, né? Você também sente ou sentiu isso. O que podemos fazer? Na melhor das hipóteses, doamos alguma coisa lá pro Haiti e continua tudo do mesmo jeito.
Daqui uns dias esquecemos, voltamos a nossa rotininha, reclamamos de algumas coisas, empurramos outras com a barriga e talvez despertemos para algumas mudanças. Mas... será que realmente mudaremos? Ou precisaremos enfrentar catástrofes que nos forcem a depender literalmente dos outros para que possamos ser mais solidários, responsáveis, humanizados? O que precisamos para perceber que AGORA é a hora de mudar o que nos atormenta e valorizarmos a beleza da vida?
É... uma coisa puxa a outra... e volto a pensar que a vida, afinal, é uma sequência de momentos. Hoje estamos assim, vivemos isso ou aquilo, amanhã tudo pode mudar. Temos saúde e amanhã podemos não ter. Temos abrigo, trabalho, família, mas amanhã, podemos perder tudo isso.
Affff... bate na madeira... credo, vira essa boca pra lá... (sou eu tentando "enxotar" pensamentos negativos!), mas é fato. Um dia vamos nos deparar com a necessidade de nos tornarmos mais humildes, nos desapegarmos de muita coisa e das pessoas e, simplesmente, vivermos o momento com dignidade como alguns haitianos tentam fazer.
Que possamos crescer um pouquinho com o que acontece no mundo... que possamos assimilar as lições celestiais... e mudar de atitudes agora. O tempo urge.

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